sexta-feira, 7 de março de 2008


Dia Internacional das Mulheres

Sem dúvida que são inúmeros os discursos das mulheres e pelas mulheres na perspectiva da mudança do estigma e condições criadas para essa figura.

Os conceitos que se formaram atravessam eras. Desde a criação do mundo, onde a mulher personificada por Eva, no Livro dos Gêneses, é a pecadora, tentadora, que aliada a Satanás, é culpada pela Ruína. Eva apresenta uma figura absorvida pelos vícios que são representados pela luxuria, gula, sensualidade e sexualidade, inculcadas à figura feminina.

Como compensação, para salvação de todos esses atributos, é apresentada a figura de Maria Madalena como representante do arrependimento submissa aos homens e a Igreja.

Nesse contexto histórico da Idade Média, o homem possuía uma visão dicotômica à cerca da mulher. Isto é, ao mesmo tempo que era tida como responsável pelo Pecado Original ela, a Virgem Maria, foi a mulher que deu ao mundo o Salvador.

Esse conceito eclérico sobre a mulher, nessa dicotomia, foi consolidado pela Igreja.

Ao longo de toda a evolução humana social, a mulher, para o clero, é considerada a criatura suscetível as tentações do diabo e, nessa questão, pouca coisa mudou até hoje não só perante a Igreja.

Ao observarmos as diversas culturas vimos, em cada uma delas, a figura da mulher relacionando seu perfil a submissão, desigualdade, fragilidade, inferioridade, incapacidade e outros diferentes adjetivos e que dentro das transformações desde 314 A.C, passando pela Idade da Pedra, Idade Média, Contemporânea e Moderna percebe-se uma constância e destaque de considerações negativas.

Cada década, sufragada a tentativa da desmistificação, surgem episódios como o trágico ocorrido em 1945, nos Estados Unidos, onde todas as mulheres no dia oito de março pagaram com a vida pela reivindicação aos seus diretos, o que veio mobilizar a criação do Dia Internacional das Mulheres. Entretanto, se apresenta como mais um destaque e não como representação real para valorização, assim como os movimentos, protestos, passeatas e etc., posto que, vimos uma legião de mulheres na África, Afeganistão, Iraque, Líbano, Israel, Palestina etc. permanecendo “curvadas com seus rostos cobertos”, cerceadas pelos seus mantos, não apenas na visualização estética e corporal, mas dos seus mais intrínsecos desejos ao seu reconhecimento como ser humano e social.

É certo que o mundo mudou, mas ainda é ignorada a influência positiva e significativa da mulher no planeta.. Mesmo nos paises mais desenvolvidos a figura da mulher se debate dentro dessa própria evolução pelo seu espaço. Esse espaço deve ser dado pela consciência de uma ocupação justa e não a revelia de preceitos, idéias e preconceitos.

A mulher, tenha a identidade que tiver: intelectual, operária, graduada, indígena, cabloca, seja qual for, tem seu alcance a justiça econômica, social, educacional, política e de gênero. Apresente ela o estereotipo que for na idade, identidade, cor, raça, credo, cultura e nível social, a elas, a sociedade deve respeito e valorização dando-lhe direito a conquistar trabalho, saúde, educação, seguridade política e social, que lhe atribua a igualdade real e efetiva.

A nós, mulheres, a convicção de direitos vai além de privilégios isolados, ela envolve o exercício da cidadania plena e a reflexão sobre a mudança de entendimento, que otimize ação a priorizar e confirmar a mulher como unidade participativa e importante na formação do todo social.

É necessário o inteligente entendimento de que as mulheres não representam espécie, grupo, setor ou classe, mas, sim, é um ser social apresentado numa diversidade, incorporado em todos os contextos sociais seja de que Região, Estado ou País.

E, em cada 8 de Março, possamos acrescer a reconstrução de nossa história a despeito de situação política, econômica ou social, numa reflexão que elabora cada vez mais a construção do ser mulher.

Liete Oliveira

Um comentário:

Unknown disse...

VocÊ retratou uma verdade pouco aparente,ms que existe absurdamente até hoje.Seu comentário serve para fazermos uma reflexão bem real ao nosso dia.