quarta-feira, 30 de abril de 2008

MEIO AMBIENTE


UMA FÁBULA PARA CRIANÇAS

Rubens Alves


“No princípio era tudo escuro. Os deuses, sabedores da falta de sabedoria dos homens, trancaram-nos numa caverna sem saída. Era uma caverna muito grande, parecia não ter fim. Caverna fechada, sem entradas e sem saídas. Lá dentro era escuro e frio.

Foi então que um semi-deus, chamado Prometeu,teve pena dos mortais. Valendo-se da distração dos deuses que estavam bêbados numa orgia, roubou-lhes o fogo e deu-o aos homens. Aceso o fogo a caverna se iluminou e eles viram pela primeira vez. Mas Prometeu advertiu: “Não deixem o fogo morrer. Se ele morrer a escuridão voltará. E então não poderei ajudá-los porque não sei a arte de fazer nascer fogo. Somente os deuses o conhecem...”

Ditas essas palavras Prometeu se foi. Mas os homens atentaram para sua advertência. Trataram de alimentar o fogo sem parar para que ele não apagasse. Fizeram mais: como eram inteligentes e curiosos, acabaram por descobrir o segredo da arte de fazer fogo.

Aí todo mundo queria possuir o fogo. Pra que todos pudessem ter o seu fogo particular inventaram-se as velas. Por onde iam, homens mulheres, levavam velas acesas nas mãos.

A caverna se iluminou. Pelo poder do fogo nasceu então a culinária, a cerâmica, o vidro, a fundição dos metais, em resumo, a civilização.

Mas os homens descobriram mais: que o fogo mora em muitos outros lugares que não a madeira. Mora no petróleo, nas quedas d’água, no vento, no carvão, nos átomos, no Sol. E o calor do fogo aumentou. Pelo poder do fogo as invenções se multiplicaram sem cessar, trazendo conforto e riqueza para todos os moradores da caverna.

Passaram os homens então a medir a riqueza de cada um pelo número de velas que gastavam. Os que queimavam muitas velas eram ricos; os que queimavam poucas velas (ou nenhuma) eram pobres. Milhares de velas, milhões de velas, bilhões de velas...

Mas a caverna, que era muito grande, tinha limites. Era uma caverna fechada, sem saídas. A fumaça que as velas produziam não podia sair. Os mais ricos eram os que produziam mais fumaça.

À fumaça acrescentou-se o calor. Era simples resolver o problema: bastava que os ricos apagassem metade de suas velas. Mas isso eles não admitiam de jeito nenhum. “O progresso não pode parar. É preciso crescer, crescer sempre...”

Só tarde demais os ricos se deram conta de que a caverna se transformara num forno. Morreram, então, torrados como leitões no forno que eles próprios haviam construído com o seu progresso...”


Um comentário:

Yukari Takeshita disse...

Muito bom o texto. Bom para refletir acerca da consciencia q precisamos ter para q a futura geração possa aproveitar a vida como nós.

Abraços.