sábado, 14 de março de 2009

MULHERES

Por muito tempo a mulher teve significado restrito dentro da história. Assim, os historiadores negligenciaram a mulher, como informação, pelo seu espaço e participação histórica sem relevância.
As pesquisas mostram que as mulheres ficaram à sombra dentro de um mundo dominado pelo gênero masculino.
O quadro de exclusão se acentua, agravado pelas lacunas encontradas nas fontes e textos os quais, muito raramente, abordam o mundo feminino e, quando o fazem, denotam a aversão no inicio pelo contexto religioso que as envolveram.
O filósofo grego Platão considerava a natureza da mulher inferior a dos homens, na “capacidade para virtudes”, era vista por ele como um ser sem raciocínio, comparando-a até aos escravos. A elas, era vetado o poder de escolha/decisão em qualquer coisa em suas vidas. O marido as escolhiam e poderiam passá-las para outros maridos se assim determinasse. Para elas estavam reservadas as obrigações de venerar o marido, educar e criar os filhos, cuidar da casa e manter-se submissa ao seu marido.
Na Idade Antiga a mulher era veículo de procriação que ocorria sem a preocupação em estabelecer uma união formal ou informal. O importante era o resultado, a fecundação.
Durante séculos a mulher foi desconsiderada pelos Escolásticos e Cléricos que as viam como mentirosas, bruxas e pecadoras em potencial. Afinal, elas descendiam de Eva. Por isso, formou-se a condição de mantê-las virgens e afastadas por serem seres demoníacos que personificavam a tentação.
No século XI, pela instituição do casamento na Igreja, a mulher portadora da disseminação do mal, passa ao papel de boa esposa e a maternidade é exaltada. Forma-se a trilogia da salvação feminina a partir de três modelos: Eva – pecadora, Maria – perfeição e santidade e Maria Madalena – pecadora arrependida. Esses modelos difundidos objetivavam além de afastar os Cléricos das mulheres, institucionalizar o casamento à moral cristã, através do exemplo da criação de um segundo modelo feminino à Virgem Maria.
A mulher foi concebida pecadora pautada no modelo de Eva, vista como aliada do demônio. Esse estado de maldição foi amenizado pelo culto à Virgem Maria, que trouxe a reconciliação entre a humanidade e Deus. A Maria Madalena se estende a possibilidade de salvação a todos que tinham caído em erro, mas foram capazes de se arrepender.
A construção dessa concepção de mulher foi elaborada através dos séculos, mesmo anterior ao cristianismo que assegurou e permitiu a manutenção do homem no poder.
Essa construção começa a sofrer abalos no século XX, pela transformação na obstetrícia e o controle da natalidade.
Iniciam-se as décadas em que a sociedade começa a vislumbrar uma evolução no comportamento e transformação no significado do “ser mulher”.
A Idade Contemporânea ficou marcada pela luta social de largas massas femininas, pois as mulheres conscientizaram-se da sua situação discriminatória na sociedade. Esta luta social expressa-se por múltiplas ações comuns e em grande parte de formas de organização e movimentos. Seu objetivo nessa diversificada luta é a aspiração à emancipação e à mudança para um estatuto social mais dignificante.
As conquistas democráticas conseguidas marca com o Dia da Mulher, a importância que tiveram numa contribuição de grande relevo da mulher, que participou de forma ativa e corajosa na luta reivindicativa econômica e social, a defender seu espaço, respeito e conseqüentemente sua liberdade.
O mérito de ter tomado as primeiras medidas verdadeiramente a favor da emancipação da mulher, fica para o primeiro governo operário da história, a Comuna de Paris.
Ainda assim, não desapareceram de súbito os preconceitos sobre a mulher, pois esses preconceitos têm na maior parte uma raiz histórica, que não reside na essência do sistema socioeconômico.
Apesar do grande atraso socioeconômico herdado da era colonial e da exploração neocolonialista, liquidaram-se em vários países a poligamia e o casamento de menores contratado por familiares, combateu-se o analfabetismo e ainda elevou-se o nível de cultura das mulheres.
O dia 8 de Março é também um símbolo de luta revolucionária que se transformou numa jornada mundial de ação das mulheres pelos seus direitos próprios e contra todas as formas de discriminação.
Para as mulheres conquistarem o direito de voto, tiveram que percorrer um longo caminho. Tiveram que lutar contra os preconceitos dos homens que julgavam que as mulheres não serviam para absolutamente mais nada, a não ser, tratar da casa, do marido e dos filhos.
Entretanto, as mulheres sabiam do que eram capazes de fazer igualmente como tudo o que um homem conseguia fazer, dessa forma,começaram a formar movimentos, que tinham como primeiro objetivo, desde o pós-Revolução Industrial, lutar pelo direito do voto.Foi nos ideais democráticos de inspiração as primeiras feministas encontraram algo de propicio às suas reivindicações: Não havia participação ativa das mulheres na sociedade.
Desde a Grécia Clássica, que vinham o preconceito contra as mulheres que não podiam exercer o direito de voto.
As sufragistas, como eram chamadas as primeiras ativistas do feminismo, iniciaram no século XIX, em 1897, um movimento no Reino Unido a favor da concessão às mulheres do direito ao voto. Foi assim fundada a União Nacional pelo Sufrágio Feminino, por Millicent Fawcett. Este movimento, inicialmente pacífico, questionava o fato de as mulheres serem consideradas capazes de assumirem cargos importantes na sociedade inglesa, contra a maioria dos parlamentares da Inglaterra que acreditavam na incapacidade das mulheres de compreender o funcionamento do Parlamento Britânico.
Ainda assim, o movimento feminino ganhou e as suas ativistas passaram a ser conhecidas por pertencentes à União Social e Política das Mulheres.
O movimento (WSPU- Women’s Social and Political Union), fundado por Emmeline Pankhurst, pretendeu revelar o ceticismo institucional na sociedade britânica.
Emmeline Pankhurst foi presa inúmeras vezes por pequenas infrações e inspirou membros do grupo a fazerem greve de fome. Mas, foram alimentadas à força,e essa atitude fez com que ficassem doentes, o que veio chamar a atenção para a brutalidade do sistema legal. Tiveram algum sucesso com a aprovação do “Representation of the People Act” de 1918, que veio a estabelecer o voto no Reino Unido.
Esse pequeno sucesso, resultou na lei que visava também inspirar muitas outras mulheres noutros países para que lutassem pelos seus direitos, principalmente, pelo direito ao voto. Por mais que a opressão feminina seja ainda uma cruel realidade em alguns países, as mulheres têm direito ao voto e à participação política ampla na maioria dos países do mundo. Embora as conquistas em alguns países, ainda há movimentos que reproduzem as mesmas lutas das sufragistas do século XIX, na tentativa de forçar o governo daquele país a mudar a sua legislação eleitoral e adotar o voto universal em pleno século XXI.
Feminismo: “sistema dos que preconizam a igualdade dos direitos do homem e da mulher”: é esta a definição de feminismo como informação no dicionário, no entanto, referimo-nos ao feminismo como uma doutrina que se refletiu em movimentos sociais através da comoção das mulheres.
A partir do século XVIII, é que se pode falar em reivindicação dos direitos da mulher graças ao Iluminismo e à Revolução Francesa. Datam dessa época as primeiras obras de caráter feminista, escritas por mulheres como as inglesas Mary Wortley Montagu (1689-1762) e Mary Wollstonecraft (1792), "A Vindication of the Rights of a Woman", que propunha a igualdade de oportunidades na educação, no trabalho e na política.
No contexto da Revolução Industrial,no século XIX, o número de mulheres empregadas aumentou significativamente. Foi a partir desse momento, também, que as ideologias socialistas se consolidaram, de modo que o feminismo se fortificou como um aliado do movimento operário. Todo esse processo resultou na realização da primeira convenção dos direitos da mulher em Seneca Falls, Nova York em 1848. Em 1857, também em Nova York, aconteceu o movimento grevista feminino que, reprimido pela polícia, resultou no incêndio de uma fabrica, o qual ocasionou a morte de 129 operárias, justamente no dia 8 de Março, dando origem ao marco de comemoração como “Dia Internacional da Mulher”.
Esse trágico episódio veio permitir o direito ao voto, o qual foi obtido pelas mulheres do mundo ocidental no início do século XX.
Liete Oliveira

Nenhum comentário: