sábado, 14 de março de 2009

A sociedade na década de 60 é um marco de mudanças de comportamentos. Inicia - se com o sucesso do rock and roll e o rebolado frenético de Elvis Presley, o maior símbolo. A imagem do blusão de couro, topete e jeans, em motos ou lambretas, mostrava uma rebeldia ingênua sintonizada com ídolos do cinema como James Dean e Marlon Brando. As moças bem comportadas já começavam a abandonar as saias rodadas de Dior e atacavam de calças cigarette, num prenúncio de liberdade. Poderia se dizer que os anos 60 foi uma explosão de juventude em todos os aspectos e também no feminino.

A grande vedete dos anos 60 na moda foi, sem dúvida, a mini-saia. A inglesa Mary Quant divide com o francês André Courrèges sua criação. Entretanto, nas palavras da própria Mary Quant: "A idéia da mini-saia não é minha, nem de Courrèges. Foi a rua que a inventou". A partir de meados da década, não há dúvidas de que passou a existir uma grande influência da moda das ruas nos trabalhos dos estilistas. As idéias inovadoras de Yves Saint Laurent com a criação de japonas e sahariennes (estilo safari), foram atualizações das tendências que já eram usadas nas ruas de Londres ou Paris.

Outros jovens estilistas tiveram seu caminho aberto devido ao sucesso de Quant, como: Ossie Clark, Jean Muir e Zandra Rhodes. Na América, Bill Blass, Anne Klein e Oscar de La Renta, entre outros, tinham seu próprio estilo, variando do psicodélico (que se inspirava em elementos da art nouveau, do Oriente, do Egito Antigo ou até mesmo nas viagens que as drogas proporcionavam) ou geométrico e o romântico. Enquanto isso, Saint Laurent criou vestidos tubinho inspirados nos quadros neoplasticistas de Mondrian e o italiano Pucci virou mania com suas estampas psicodélicas. Paco Rabanne, em meio às suas experimentações, usou alumínio como matéria-prima.

As mulheres nessa época tinham a possibilidade de muitas opções pelos tecidos apresentarem muita variedade, tanto nas estampas quanto nas fibras, com a popularização das sintéticas no mercado, além de todas as naturais, sempre muito usadas. As mudanças no vestuário também alcançaram a lingerie, com a generalização do uso da calcinha e da meia-calça, que dava conforto e segurança, tanto para usar a mini-saia, quanto para dançar o twist e o rock. O unissex ganhou força com os jeans e as camisas sem gola. Yves Saint Laurent, em 1966, permitiu através do lançamento de suas roupas, pela primeira vez, que a mulher ousasse vestir-se com roupas tradicionalmente masculinas, como o smoking.

Nessa época Londres, havia se tornado o centro das atenções, a viagem dos sonhos de qualquer jovem, a cidade da moda. O grande fenômeno musical de todos os tempos estava lá, os Beatles, e as inglesinhas emancipadas, que circulavam pelas lojas excêntricas da Carnaby Street, que mais tarde foram para a famosa Kings Road e o bairro de Chelsea, sempre com muita música e atitude jovens.

Nesse contexto, a modelo Jean Shrimpton era a personificação das chamadas "chelsea girls". Sua aparência era adolescente, sempre de minissaia, com seus cabelos longos com franja e olhos maquiados. Catherine Deneuve também encarnava o estilo das "chelsea girls", assim como sua irmã, a também atriz Françoise Dorléac. Por outro lado, Brigitte Bardot encarnava o estilo sexy, com cabelos compridos soltos rebeldes ou coque no alto da cabeça (muito imitado pelas mulheres).

Entretanto, os anos 60 sempre serão lembrados pelo estilo da modelo e atriz Twiggy, muito magra, com seus cabelos curtíssimos e cílios inferiores pintados com delineador. A maquilagem era essencial e feita especialmente para o público jovem. O foco estava nos olhos, sempre muito marcados. Os batons eram clarinhos ou mesmo brancos e os produtos preferidos deviam ser práticos e fáceis de usar. Nessa área, Mary Quant inovou ao criar novos modelos de embalagens, com caixas e estojos pretos, que vinham com lápis, pó, batom e pincel. Ela usou nomes divertidos para seus produtos, como o "Come Clean Cleanser", sempre com o logotipo de margarida, sua marca registrada, o que era um sucesso entre as mulheres
As perucas também estavam na moda e nunca venderam tanto. Mais baratas e em diversas tonalidades e modelos, elas eram produzidas com uma nova fibra sintética, o kanekalon.

Talvez o que mais tenha caracterizado a juventude dos anos 60 tenha sido o desejo de se rebelar, a busca por liberdade de expressão e liberdade sexual. Nesse sentido, para as mulheres, o surgimento da pílula anticoncepcional, no início da década, foi responsável por um comportamento sexual feminino mais liberal. Porém, elas também queriam igualdade de direitos, de salários, de decisão. Até o sutiã foi queimado em praça pública, num símbolo de libertação. Os 60 chegaram ao fim, coroados com um grande show de rock, o "Woodstock Music & Art Fair", em agosto do mesmo ano, que reuniu cerca de 500 mil pessoas em três dias de amor, música, sexo e drogas.

Nenhum comentário: